Construindo uma vida a dois
26 de janeiro de 2018 / Artigo* Por Adriana Müller, psicóloga e terapeuta de família
Vocês decidiram construir uma vida a dois e começaram os preparativos para o grande dia. Muita ansiedade, muita coisa para pensar e planejar, muitas dúvidas, muitos ajustes, pouco tempo. Algumas vezes, os ânimos estão agitados, exigimos demais do outro, nos sentimos sem apoio, duvidamos que vamos conseguir dar conta disso tudo. Calma! É com esses desafios que desenvolvemos a habilidade de viver uma vida a dois.
Uma vida a dois é o resultado do encontro entre duas pessoas que decidem construir um espaço comum, que chamamos “espaço do casal”. É um espaço físico e emocional formado e mantido sempre que o casal se encontra, olha na mesma direção, busca criar um contexto de integração, cumplicidade e parceria. O espaço do casal não surge de forma espontânea nem se mantém por conta própria. Ele existe em função do casal e depende do investimento de ambos para ter vida e se manter. Por isso, não permitam que cobranças nem desentendimentos roubem de vocês a chance de construir um espaço bonito e confiável. Sempre que estiverem juntos, façam esse tempo ser de qualidade: mantenham o romance, conversem sobre os projetos em comum, sonhem juntos, celebrem as conquistas e contribuam para que essa vida a dois valha a pena ser vivida.
O espaço do casal difere em forma e conteúdo do espaço individual, também presente na vida a dois. O espaço individual é aquele que diz respeito exclusivamente à pessoa: o que cada um gosta de fazer quando está sozinho ou com os amigos e que dá sentido a sua vida particular. Em uma vida a dois, o espaço individual não pode ser maior nem menor do que o espaço do casal. Ele deve ser respeitado, porque se conecta com a identidade de cada um, mas também deve ser um espaço onde exista respeito por tudo aquilo que está sendo construído a dois.
Uma das grandes dificuldades é conseguir manter o equilíbrio entre o espaço individual e o espaço do casal de tal forma que as pessoas não se sintam sufocadas nem isoladas. A sensação de sufocamento da relação acontece quando o espaço conjugal invade o espaço individual e o casal passa a fazer tudo sempre junto. Esse tipo de atitude desconsidera o tempo e a identidade do outro em detrimento de uma vida a dois. Já a sensação de isolamento aparece quando o espaço individual é mais valorizado do que o tempo juntos. Pouco a pouco os dois percebem que se tornaram duas pessoas que compartilham o mesmo espaço físico, mas não pertencem ao mesmo espaço emocional.
Para alcançar o equilíbrio, leve a outra pessoa em conta. O outro não precisa estar junto, mas seguramente precisa se sentir valorizado e respeitado. Treine isso durante os preparativos para o casamento – facilite para ele, facilite para ela. Criem cumplicidade. Admirem-se mutuamente. A vida a dois requer parceria na construção do espaço do casal. Ela também requer respeito ao espaço individual de cada um, afinal, casar não significa abrir mão de si mesmo, mas, sim, construir um espaço onde o melhor de si contribua para revelar o melhor dos dois. E uma vida construída com o melhor dos dois certamente é uma vida para a qual vale a pena dar o seu sim!