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Sem frescura ou ostentação

15 de janeiro de 2018 / Entrevista CM - site

Como organizar o casamento sem gastar muito e de forma elegante? Se essa é a pergunta que não sai da sua cabeça enquanto cuida dos preparativos para o grande dia, estas dicas da jornalista e especialista em etiqueta e comportamento Claudia Matarazzo certamente vão lhe ajudar. Convidada especial e palestrante do evento de lançamento do Anuário da Noiva 2017/2018, Claudia é autora de 18 livros sobre comportamento, moda e inclusão social, incluindo “Casar sem frescura” (Planeta), que reúne um roteiro completo de cada etapa relacionada à preparação de um casamento. Confira em nosso bate-papo valiosas orientações para você arrasar e ter um casamento sem frescura.

 

O que é um casamento sem frescura?

Eu costumo dizer que existem três coisas essenciais no casamento: emoção, beleza e diversão. Tudo o que não estiver agregando emoção, beleza ou diversão realmente é uma frescura, no sentido de que é dispensável ao casamento.

Qual importância tem o planejamento financeiro na organização do casamento?

A importância do planejamento financeiro é absoluta para um bom rendimento e uma maior eficiência do seu grande dia. Você começa a planejar o seu casamento a partir de um orçamento, e não a partir de uma ideia. Você faz o sonho caber no orçamento; não pode ser o contrário, ou seja, fazer o orçamento correr atrás daquele sonho, daquela ideia, porque isso acaba não acontecendo.

Como fazer um casamento econômico, mas elegante?

A principal dica é sempre você se perguntar: “eu consigo fazer com menos do que isso?”. Se você sempre se fizer esse questionamento, você vai ver que consegue fazer praticamente todos os itens com um pouquinho menos ou de uma forma diferente. Com isso, você economiza, mas não deixa o casamento pobre; você consegue atender as necessidades. Por exemplo: não é o caso de abrir mão das flores, mas também não precisa forrar a igreja com elas. Aliás, flor em igreja é uma coisa quase desnecessária quando a ela é bonita. Você pode deixar de colocar flores na igreja para ter mais flores na festa, nos centros de mesa, na mesa de doces. E esse tipo de questionamento que eu proponho vale para tudo: vestido, flor, som, banda. Afinal, as pessoas não vão a um casamento para se entreterem, mas sim para assistir àquela união.

A ostentação é chique? O que é o chique em se tratando do mercado de casamento?

Ostentação nunca foi e nunca será chique. Ostentação é uma palavra que deveria ser esquecida quando se trata de casamento. O novo chique vai justamente no oposto da ostentação. Hoje, os mini weddings são uma realidade, ou seja, casamentos menores, mas ainda assim exclusivos e bonitos. A tendência hoje não é surpreender pelo tamanho da banda, pela quantidade de flores, pelo preço do vestido ou pelo peso das pedras que o bordam. O interessante hoje é você surpreender pela criatividade baseada na emoção. Isso é o elegante.

O que não pode faltar de jeito nenhum numa cerimônia e numa festa de casamento?

É justamente a emoção. A festa tem que ter um fio condutor de emoção importante. Claro, do checklist, não podem faltar um elemento para fazer um brinde, uma boa bebida, doces, o bem-casado, o bolo dos noivos, essas coisas. Mas você não precisa ter uma mega mesa de doces, toneladas de energético ou essas coisas todas que todo mundo usa com muito excesso. Você pode ter o mesmo efeito, pode alimentar e dar de beber, sem tanta ostentação. E, claro, a festa tem que ter diversão e ser bonita, mas lembrando que a emoção é a raiz de tudo isso.

O que está sobrando nos casamentos hoje em dia?

Sobram elementos tecnológicos, gratuitos, que estão ali só porque são modernos e possíveis. Nem sempre você precisa de algo apenas porque dá para fazer. Eu sempre dou o exemplo do drone, que os fotógrafos adoram e que, para a fotografia, é muito bacana. No começo, ele era usado para uma série de coisas, como levar as alianças. Ninguém precisa disso. Então, essa tecnologia toda, quando é usada de forma gratuita, está sobrando. Sobra, portanto, o modernismo gratuito, sem dúvida nenhuma.

Os modismos devem ser levados em consideração na organização do casamento? Se não, como fugir das falsas tendências?

Você não é obrigado a seguir nenhum modismo no seu casamento. O seu casamento é um dos momentos mais importantes da sua vida, ele é absolutamente pessoal e tem a ver com a sua história. Então, não tem a ver com o que está na moda, com uma indústria que foi criada a partir dessa comemoração. Mas como fugir do modismo? Tendo muita convicção da sua história, sabendo exatamente quais são as suas preferências e como é que você vai expressá-las. Você não tem que fazer um casamento igual ao da amiga, ao da amiga da amiga ou ao da princesa. Não tem que fazer igual ao de ninguém, mas sim o casamento que você quer, que você sente que é bacana e que combina com a sua história e a do seu noivo.

Qual o papel dos noivos na organização do casamento?

Eles não são apenas os personagens principais, mas, sim, os roteiristas dessa cerimônia. Eles precisam dar o briefing, ou seja, passar para o cerimonialista as suas preferências e, principalmente, as condições em que eles vão poder desenvolver tudo isso.

Mesmo com maior participação dos noivos, o cerimonialista é imprescindível. Quais são os principais papéis do organizador de casamento e como equilibrar suas orientações com a vontade dos noivos e, às vezes, das famílias dos noivos também?

O papel do cerimonialista, a partir do briefing dos noivos e da história deles, é justamente equilibrar, passar para a prática todo esse sonho. Também é imprescindível que ele faça o meio de campo com todos os fornecedores e que não seja levado pela vaidade, pela vontade de mostrar para outros colegas que consegue fazer mais, e maior, e melhor, porque assim ele não vai estar fazendo aquilo de acordo com o desejo dos noivos. O cerimonialista tem que ter bom senso, porque os noivos, ao contrário, são tomados pelo sonho, pela viagem daquele casamento, e eles não percebem que, na verdade, aquilo exige um planejamento muito cuidadoso.

Quais são os principais desafios que um cerimonialista encontra ao organizar um casamento?

O principal é manter o equilíbrio entre o possível dentro do orçamento, os prazos dos fornecedores e o sonho da família e dos noivos – e, evidentemente, há atritos entre todos eles.

Quais saias-justas podem colocar em risco toda uma cerimônia ou festa de casamento?

As saias-justas são muitas, e uma maneira de preveni-las é ter sempre o plano B, estar sempre muito preparado. Eu costumo dizer que para ser cerimonialista não basta apenas gostar de festa, mas sim entender de logística, ter conhecimento da cidade, credibilidade e, principalmente, autoridade sobre o seu assunto. Você não pode hesitar na hora que alguém pede algo que você sabe que é impossível. Tem que saber dizer não. Há muitas saias-justas antes e durante a festa, mas uma das principais e que causa muitos estragos é o excesso de bebida. Isso realmente todo cerimonialista sabe e tem histórias horrorosas para contar. Por isso, um dos desafios do cerimonialista é aprender a administrar o serviço de bebidas de forma com que todos fiquem felizes e se divirtam, mas que não ocorra excesso. Esse é um desafio e tanto, e se conseguir vencê-lo já está no lucro.

Como os noivos precisam passar pela fase de preparativos do casamento?

Os noivos devem vivenciar essa fase de pré-casamento com muita calma. Eles devem se munir de uma dose extra de cuidado e de paciência, porque eles vão estar o tempo todo se confrontando com pressão de prazos, de dinheiro, de decisões a tomar. Tudo isso junta com o trabalho, com o palpite das amigas, a expectativa das famílias… É muita mudança e muita pressão psicológica. Então, os noivos têm que desacelerar, não pegar novos projetos, deixar de fazer uma ou outra atividade. Não é para enlouquecer e tentar resolver a vida nesses seis meses, porque não vai ser possível. Isso só vai te deixar super estressada e você não vai aproveitar essa fase que é tão importante, legal e para a qual tem que ter muita calma para desfrutar de verdade.

Como os noivos podem aproveitar a festa de casamento? Com o que eles não devem gastar seu tempo ou se preocupar?

Para você aproveitar melhor a festa, você tem que ter contratado um cerimonialista da sua confiança, com quem o seu santo bate. Assim, você vai chegar na semana anterior dessa festa já muito tranquila. O segredo é desacelerar mais ainda na semana anterior, porque aí você chega na festa descansada, preparada, sem estresse e no controle porque o cerimonialista está lhe dando todo esse retorno. Essa é uma coisa a que você tem que dar absoluta prioridade, mas que as pessoas às vezes acham que é bobagem, que é frescura, que elas precisam estar no controle até o fim… Não tem que estar no controle até o fim, mas sim aproveitar, e isso já na última semana. Nos últimos dois, três dias, não há nada que os noivos possam fazer para mudar o desenrolar da festa; ela já está traçada, então, só resta aproveitar.

O que os noivos e suas famílias não devem fazer de jeito nenhum na festa de casamento? Que atitudes ou excessos devem ser evitados ao máximo ou totalmente?

Um dos maiores inconvenientes é a pessoa ficar afobada, querer ter o controle de tudo… É para aproveitar a festa, não ficar dizendo o que é para fazer. No momento da festa, você tem que simplesmente se deixar levar e, de preferência, sóbrio até o fim. Alegrinho, ok… Mas o excesso de bebida atrapalha demais noivos, convidados e famílias. É muito chato você interromper uma festa para ter que acudir alguém que passou mal, ou a noiva ter que sair para se recuperar. Costumo dizer que não tem que começar a beber no salão, à tarde. Tem que esperar a festa, se alimentar bem e cuidar, mais do que nunca, do seu estado físico nesse dia.

 

 

PINGUE-PONGUE COM CLAUDIA MATARAZZO

– Lista de presentes ou vaquinha virtual para lua de mel?

Lista de presentes e vaquinha virtual. Uma coisa não invalida a outra.  Um só hoje em dia talvez seja inconveniente para os convidados.

– Pedir de presente faqueiro de prata ou colher de pau?

Pedir coisas acessíveis, de maneira geral. Faqueiro de prata é coisa mais para padrinhos ou um presente coletivo, por que não?

– Vestido e roupa do noivo: alugar ou comprar?

Hoje em dia, definitivamente, alugar, porque você usa uma vez só. E há roupas maravilhosas de aluguel, inclusive de primeiro aluguel.

– Casamento de dia ou de noite?

Eu prefiro de dia porque dura o dia inteiro, mas nas regiões quentes não dá para casar de dia. Então, depende do clima também.

– Damas e pajens mais crescidinhos ou bebês?

Definitivamente, com mais de cinco anos. Eles têm que obedecer ordem de comando. Damas e pajens bebês só servem para dar trabalho.

– Buquê de flores naturais, de origami ou de flores artificiais?

Artificiais não, definitivamente. Opte por flores naturais e delicadas. A ideia é manter essa tradição antiga. Origami também não é o caso, a não ser que a pessoa tenha uma ancestralidade  japonesa, algum vínculo com o origami.

– Vinho ou cerveja?

Depende da preferência dos noivos, e um não exclui o outro.

– Serviço volante ou ilhas gastronômicas?

Acho que tem que ter os dois, porque você tem que poder ir se servir, mas também para os mais velhos, principalmente, essa comida tem que chegar.

– Convidar só os mais próximos ou chamar também a colega de academia da mãe?

Convidar só os mais próximos, porque é mais gostoso.

– Chá de panela/chá-bar: promover ou não gastar dinheiro com isso?

Quem quiser oferecer pode oferecer, mas a própria noiva promover, forçar a barra, não.

– Cortar a gravata ou deixar passar essa oportunidade de arranjar um troquinho?

Deixar passar essa oportunidade, porque você deixa passar o mico também!

– Lembrancinhas comestíveis ou úteis?

Lembrancinhas comestíveis, porque muito raramente uma lembrancinha é útil.